Thursday, December 14, 2006

Arte da Luluzinha

O blog Arte da Luluzinha nasceu no dia 28 de Outubro de 2005.
Desde pintura em tecido ao chamado corte e costura passando por pintura de telas, as Luluzinhas estão presentes e prometeram encantar muita gente há mais de um ano atrás. Hoje, a promessa foi cumprida.

Em testemunhos reais e públicos, consegui saber e provar que Ana Melo é “simpática, positiva, meiga”, de “criatividade contagiante” e “espectacular”.
De certeza que, se perguntasse a todas as pessoas que a conhecem, conseguiria uma muito mais extensa lista de adjectivos positivos para caracterizar Ana Melo.
A verdade é que só pela sua disponibilidade em me conceder uma entrevista poderia eu mesma acrescentar um testemunho a seu favor.




"O artesanato alegra o coração"


DN:Como surgiu a ideia de criar um blog para poder expor os seus trabalhos?

Ana Melo: Conheci alguns blogs, por mero acaso, quando um dia andava a fazer pesquisas na Internet sobre feiras de artesanato e achei que seria interessante criar um blog também, principalmente para fazer novas amizades visto que estava a morar em Portugal há pouco tempo.
No princípio tinha poucos trabalhos para expor, mas quando ganhei uma máquina de costura pude voltar a fazer muitas coisas das quais eu gostava. Hoje recebo várias visitas e também já tenho muitos amigos e clientes para partilhar as minhas novidades.


DN:Qual a razão para a escolha do nome "Arte da Luluzinha" para o seu blog?



AM:O nome Arte da Luluzinha é uma homenagem à minha filha Luíza e surgiu no Brasil há cerca de 7 anos.

DN:Quando e como começou o seu percurso nas Artes Decorativas/ Artesanato?



AM:Venho de uma família que adora artesanato. A minha mãe, as minhas irmãs, os meus irmãos e sobrinhos... enfim, quase todos sabem fazer alguma coisa ligada às artes e eu não podia ficar de fora. Era ainda pequena quando me comecei a aventurar e pelo caminho dessa aventura fiquei cada vez mais apaixonada. Aqui tenho feito os trabalhos sozinha, mas no Brasil tinha a ajuda da minha mãe e da minha irmã Celina... passávamos horas e horas juntas a criar e confeccionar. Tenho saudades.

DN:A sua imagem de marca são as Luluzinhas. Em que se inspirou para criar estas personagens?



AM:No Brasil existem vários modelos de bonequinhas e por isso resolvi criar uma para representar aquilo que eu gostava de fazer.
A minha irmã mais velha apelidou-as de “abobrinhas” por terem um rostinho tão redondo e o que mais me agrada nelas é que cada uma tem um jeitinho especial, algumas mais levadas, outras mais comportadas. No princípio elas não tinham a forma que têm hoje, na verdade elas foram evoluindo a cada nova criação.

DN:Em que áreas podemos observar os seus trabalhos?


AM:Os meus trabalhos já passaram por tecido, pintura em telas e até paredes... Penso que a criatividade nos leva a diferentes lugares e é isso que me agrada ao fazer os trabalhos artesanais.

DN:Acha mais proveitoso vender em feiras, a conhecidos ou on-line?


AM:É a primeira vez que tenho a experiência de vender on-line e estou a adorar, tem sido muito proveitoso, recebo várias encomendas e o curioso é que a maioria dos meus clientes é da região do Porto, um lugar que ainda não conheço, mas que estou ansiosa por conhecer.

No Brasil as vendas eram feitas aos conhecidos, como era professora de crianças já tinha uma clientela quase pronta (risos) e nas festas da escola, lá estava eu a expor os meus trabalhos. Quanto às feiras participava em algumas no Brasil e tenho participado aqui em Portugal, elas são sempre uma surpresa, pois algumas correm super bem e volto toda satisfeita com as vendas, com outras já não acontece o mesmo, mas mesmo assim é sempre muito gostoso participar.

DN:Acha que a difusão do artesanato é melhor no Brasil ou em Portugal?


AM:No Brasil temos o hábito de fazer muitos trabalhos artesanais e como somos um país de missigenação acredito que isso torna o país ainda mais rico em cultura, tornando a difusão ainda mais fácil. Aqui em Portugal tenho visto muitos trabalhos de artesanato e lindos!!!, acredito que também seja um país onde o trabalho artesanal seja muito conhecido.

DN:Além de servir para vender os seus trabalhos, o blog também lhe tem trazido algumas amizades. Pode mencionar algumas e curiosidades relacionadas com as mesmas?



AM:Claro, aliás, foi através dele que pude ter um novo círculo de amizades, o que me deixa muito feliz, pois não é nada fácil começar a viver noutro país.
Muitas vezes sentia-me sozinha, o que hoje felizmente já não ocorre.As minhas primeiras amizades através do blog foram a Lili (Lilibijoux) e a Sinda (ideiascriativas). Foi com elas que também fiz a primeira troca de trabalhos e foram a minha companhia na primeira feira em que participei em Portugal (Praça Príncipe Real) que por curiosidade foi no mês de Dezembro, estava um frio (Ana prolonga o som final para acentuar o que sentiu) que mal nos aguentávamos, vendi apenas uma peça o que deu para pagar a inscrição e voltar para o quentinho de casa. No dia seguinte foi uma surpresa... nevou em Lisboa. Uma experiência que até hoje nos lembramos.

DN:A Ana faz trocas. No caso de querermos combinar uma troca consigo, o que gostaria de receber?


AM:Eu gosto de tudo um pouco. Gosto quando recebo materiais para poder confeccionar novas experiências e adoro quando recebo algo feito pela própria pessoa, pois sei que ali tem um carinho especial e a troca de energia é algo muito bom.

DN:Continuando a falar de trocas, quantas já realizou? Qual aquela de que mais gostou e porquê?


Poxa, quantas foram!!! (calão brasileiro que optei por não traduzir porque achei que conferia um toque especial à entrevista). Não sei ao certo, foram várias e cada uma com uma surpresa diferente! É tão bom quando o carteiro chega :D


DN:Ana para terminar... algo a declarar?

AM:Espero que tenham gostado de conhecer um pouquinho da minha história e quero aproveitar para dizer que mesmo aquelas pessoas que dizem não ter jeito nenhum para os trabalhos manuais deviam tentar, pois é algo fácil de se apaixonar e que alegra o coração.


DN: Muito obrigada por me ter concedido esta entrevista!

AM:Um grande abraço a todos e obrigada pelo convite para participar no teu blog. Sucesso sempre!

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Caso queira saber mais sobre esta simpática artesã e sobre o seu trabalho visite o blog, a loja, o espaço no Flickr, o espaço no Maraluna e os trabalhos no leilão Mão - a - mão.

As encomendas são feitas por e-mail para anamel02@hotmail.com .

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Os meus agradecimentos a Ana Melo por me ter concedido esta entrevista. Muito obrigada!
Esta entrevista contém revisão.

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Entrevista com a Ana Melo

BREVEMENTE AQUI...
ENTREVISTA A ANA MELO DO BLOG ARTE DA LULUZINHA...

Musa


Musa ensina-me o canto
Venerável e antigo
O canto para todos
Por todos entendido

Musa ensina-me o canto
O justo irmão das coisas
Incendiador da noite
E na tarde secreto

Musa ensina-me o canto
Em que eu mesma regresso
Sem demora e sem pressa
Tornada planta ou pedra

Ou tornada parede
Da casa primitiva
Ou tornada o murmúrio
Do mar que a cercava

(Eu me lembro do chão
De madeira lavada
E do seu perfume
Que atravessava)

Musa ensina-me o canto
Onde o mar respira
Coberto de brilhos
Musa ensina-me o canto
Da janela quadrada
E do quarto branco

Que eu possa dizer como
A tarde ali tocava
Na mesa e na porta
No espelho e no corpo
E como os rodeava

Pois o tempo me corta
O tempo me divide
O tempo me atravessa
E me separa viva
Do chão e da parede
Da casa primitiva

Musa ensina-me o canto
Venerável e antigo para prender o brilho
Dessa manhã polida
Que poisava na duna
Docemente os seus dedos
E caiava as paredes
Da casa limpa e branca

Musa ensina-me o canto
Que me corta a garganta

Sophia de Mello Breyner Andresen

Começo...


Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.

Fernando Pessoa